Feitas de areia, moldadas e transportadas por mares e ventos, as dunas fazem parte de mais de metade da costa portuguesa. São lugares que nos atraem pela sua beleza e tranquilidade, no entanto, necessitam do nosso cuidado, compreensão e respeito, pois têm vindo a sofrer pressão da presença humana de forma bastante intensa.
Na zona litoral formam-se próximo da linha de água e expandem-se no sentido do vento, formando cordões dunares paralelos à costa.
A composição dos sistemas dunares varia gradualmente, desde a linha de água, com a proximidade do mar, sistema de ventos, geologia, topografia e distribuição da sua típica vegetação (principal agente de estabilizador das dunas), desempenhando um papel fundamental de transição entre ambiente marinho e terrestre. Este sistema é muito sensível a pressões humanas, principalmente porque o ambiente natural em que se encontra é por si só agressivo, (ventos, temperaturas, força das marés e salinidade), e, estando a comunidade vegetal bastante adaptada a estes factores, é pouco tolerante a pressão externa.
As principais pressões que se fazem sentir, são: ocupação turística, urbanística e agrícola mal geridas (pisoteio, interrupção/fragmentação do gradiente dunar); poluição (cursos de água, areia.); obras de engenharia costeira, que interferem com as correntes marinhas e, consequentemente, com os fluxos de areias (ex. pontões); consciencialização insuficiente da população; introdução de espécies exóticas nas dunas (ex. chorão, acácias); remoção de areias e presença de parasitas na vegetação dunar (ex. nemátodes).
Por mínima que seja a pressão, a estrutura da duna, degrada-se e fica mais exposta à erosão natural destes sistemas, sendo a sua recuperação morosa. É, assim, necessária uma gestão cuidada destes sistemas para os recuperar e estabilizar de modo eficaz, tendo tembém em conta que sendo os cordões dunares barreiras de protecção costeira (oscilação do nível médio do mar, força das ondas), a sua manutenção abarca a defesa de populações costeiras, e respectivos bens.
As principais práticas de recuperação já utilizadas são: construção de paliçadas, passadiços e vedações; revegetação adequada; ordenamento dos acessos às praias; construção de apoios de praia e implementação de sistemas de recolha de lixo e limpeza do areal, organização de acções de educação ambiental e investigação multidisciplinar dos sistemas dunares.
Para além destas medidas, e da legislação aplicável, cabe-nos contribuir com uma conduta adequada, ou seja, utilizar passadeiras ou trilhos já existentes; não andar a pé, com veículos motorizados, apanhar banhos de sol, fazer desportos radicais, passear animais domésticos ou fazer campismo selvagem nas dunas; não colher vegetação dunar; procurar informação sobre a protecção destes sistemas, divulgá-la e denunciar situações de atentado ambiental às autoridades competentes (GNR, PSP, ICN, Capitania da Área).
De notar que a costa do nosso concelho é atravessada pelo cordão dunar que se estende desde Peniche a Santa Cruz, (protegido por Rede Natura 200), no qual o recém fundado Grupo de Flora da Agenda XXI da Lourinhã, tenciona desenvolver acções de recuperação.
Já que gostamos de disfrutar da beleza deste ecossistema, não permaneçamos nas dunas… alheios a tudo, há sempre hipóteses de contribuir para cuidar destes espaços, quer melhorando o nosso comportamento, quer ajudando nas iniciativas de recuperação das nossas dunas!
Filomena Frade
Lourambi
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