O conceito é simples: as minhocas têm um apetite voraz por tudo o que é orgânico; logo, vamos dar-lhes todo o lixo que produzimos para que limpem, literalmente, embalagens de plástico, vidros, cerâmicas e outros objectos, permitindo a sua reciclagem e evitando a sua colocação em aterros.
A empresa portuguesa Lavoisier, sob o lema de ‘Nada se Perde, Tudo se Transforma’, pretende aplicar, pela primeira vez no Mundo, um sistema de tratamento de RSU, desde a recolha do lixo até à sua reciclagem, recorrendo ao trabalho das minhocas. “Elas basicamente estão no paraíso, pois têm condições de excelência para viver e reproduzir”, afirmou ao CM João Completo, gerente desta empresa, afirmando que a meta de todo este trabalho é “obter zero resíduos no final do processo”.“Como as minhocas devoram toda a matéria orgânica existente no lixo comum das nossas casas, transformando-a em húmus, elas limpam os objectos que não conseguem comer, como o plástico ou o vidro, que podem ser separados e utilizados na reciclagem”, explicou.
Rui Berkemeier, responsável pelo departamento de resíduos da Quercus, não poupa elogios ao sistema, esclarecendo que “de outra forma, estes objectos teriam como destino os aterros ou a incineração”. “Já sem referir os problemas da incineração, os cheiros dos ate-rros e as águas residuais altamente tóxicas”, acrescentou.A inexistência de cheiros é, de acordo com João Completo, uma das grandes vantagens do sistema.
Durante a segunda etapa deste processo, o cheiro característico do lixo é eliminado de forma natural. “Cerca de 80 por cento do odor desaparece no processo de compostagem. Depois, as minhocas tratam do resto”, sublinhou, destacando também que a matéria produzida pelas minhocas, o húmus, e o próprio líquido que escorre durante a terceira fase é aproveitável na agricultura ou na jardinagem. “Todo o composto resultante da transformação dos resíduos orgânicos em húmus é utilizável na agricultura como adubo, tal como as águas, que funcionam como um corrector natural de solos”.
Texto retirado da edição do jornal "Coreio da Manhã" de 18/08/2007
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